Décima news!
Tudo bem, deveriam ser mais, mas eu dei uma sumidinha em duas semanas… Acontece o que vocês já sabem: TCC (faltam exatamente nove dias para entregar ele) + decidir o futuro pela frente.
Eu não sei como vocês costumam guardar suas lembranças, a partir de quando são suas memórias, mas eu lembro bastante das sensações quando coisas novas acontecem e quando o final delas chegam. E eu lembro da sensação de terminar o ensino médio e pensar que eu ia me arrepender de muita coisa que eu não tinha feito, por exemplo, não ter conversado com certas pessoas por vergonha, tímida demais para manter opiniões ou estar em lugares. Lembro de pensar muito nisso. Ter travado em momentos que eu queria falar, não saber agir diante de certas situações. Mas eu também pensava que tudo bem, era nova demais para saber tudo.
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Eu lembro de tudo passar muito rápido, a decisão de escolher cursar jornalismo não é tão clara, eu só sabia que queria, quando as pessoas me perguntam o motivo eu ainda não sei responder tão bem como gostaria. A ida pra São Paulo, as ruas que não se pareciam em nada com Salvador, o sotaque que eu estranhava até o “bom dia”, reencontros, afastamentos, permanências e muitas dúvidas. Esse é o começo que eu lembro, uma menina de 17 anos cheia de sonhos e vontades, mas com medo de tudo.
E então eu também lembro dos meses seguintes, das amizades que criei, das opiniões que eu firmava com orgulho, da timidez que foi dando espaço para outras coisas, a liberdade de compartilhar o que eu escrevia, a quase vontade de chorar de alegria quando as pessoas queriam ler o que eu escrevia por vontade própria. O jeito que eu agora sabia me posicionar, as vezes que fiz alguém rir com uma piada boba ou uma expressão, porque as pessoas costumam dizer que eu sou expressiva demais.
Mas também chegou o isolamento, meses que eu não sabia em que pensar, não via amigos, home office, outros sentimentos, a não reciprocidade me abalou durante muito tempo. Me vi fazendo coisas que jurei nunca fazer, passei por limites que me cobraram lágrimas doloridas e desconhecidas lá na frente. Mas passou, toda essa intensidade foi diminuindo, balanceando com os dias em um novo emprego, conquistando a confiança daquelas pessoas que eu nunca tinha visto antes. Um estágio com a cara do jornalismo mesmo, mas será que eu nasci para isso? TV não é O lugar do jornalista? Eu devia me identificar, mas afinal por que eu escolhi essa profissão? Às vezes parece que o jornalismo me escolheu, sem muita chance de pensar sobre.
E estou eu, no último período da faculdade, poucos dias para entregar o trabalho final, refletindo não só o que fiz em 2022, mas tudo que vivi nesses últimos quatro anos. Eu sou uma amante de finais, amo conclusões e como poderia ser diferente? Gosto porque logo atrás deles existem outros começos e quem sabe onde eles podem nos levar?
E junto com os finais também está todo o drama deles, por isso que ele existe, esse caos que a gente nutre pelo fins. Sem isso, qual a graça de não sentir exageradamente?
Agora, parando de divagar e entrando nas leituras, tudo isso que eu estou falando também tem um (vários) motivos. Óbvio que junto aos meus pensamentos, também tem a história que me acompanha, o que estou lendo no momento.
E prestes a terminar “O parque das irmãs magníficas” (nossa leitura do mês!!!) eu senti isso. A necessidade da Camila de apresentar finais, os começos que assustavam, relatos que doíam como um corte de uma faca afiada. Essa beleza que ela nos conta até nos seus piores dias. Como ela tem tudo isso para nos oferecer, depois de tudo que aconteceu? É difícil dizer, por isso depois que terminar a leitura, sinto que vou ter a necessidade de procurar palestras, entrevistas, preciso de algo que me assegure: talvez aquilo tudo não seja sobre ela, onde começa a ficção nas linhas? Talvez coisas que ela tenha ouvido, visto, mas não tudo dela, porque é sofrimento demais e são memórias cruéis demais.
Os três livros do clube até agora são muito diferentes e isso me alegra demaiiis, pensando na curadoria que tive prazer de fazer. Foram dias pensando sobre quais livros deveriam entrar, quais fariam sentido com os elementos. Nesse mês, a água deveria representar profundidade e sensibilidade, acho que ela cumpriu seu papel da melhor maneira.
Essa semana já sai os livros de dezembro (gente, como passou rápidoooo) e as datas e horários para o encontro desse mês, eu não vejo a hora! E vocês?