Eu sempre achei que todo mundo carregava um cantinho do coração quebrado por aí. Veja bem, eu não estou romantizando o sofrimento, mas também acreditava fortemente que ninguém escapava de alguma - nem que fosse umazinha - decepção amorosa. Alguma hora ia acontecer. Então eu enxergava aquilo como algo iminente, muitas vezes esperado. Até que aconteceu comigo.
Para uma decepção amorosa não é necessário muita coisa, expectativas altas, bons motivos para se apaixonar, uma distração nova, tímida, gratuita, duas pessoas interessadas, uma mais que a outra, indiferença, momentos errados, palavras silenciadas e bum, tá feito. A vulnerabilidade de uma relação talvez seja a graça dela? Você está ali, disposta para o outro te machucar se quiser, dando todos os detalhes sobre o que pode te ferir, mas você espera desesperadamente que isso nunca aconteça. Às vezes acontece.
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E por que estou eu, em uma segunda-feira, te falando tudo isso? Porque eu acabei “Copo vazio” e estou atordoada com o final, cheio de possibilidades, teorias, pensamentos e dúvidas que a Mirela nunca saberá, provavelmente nem a própria autora. Fazer livros deve ser assim, se enxergar junto aos leitores, se doar sobre uma coisa que você não pode responder. Dar mais perguntas que respostas, sempre.
No nosso grupo, falei sobre ser fácil se enxergar na Mirela, não pelo seu relacionamento com Pedro necessariamente, mas por tudo que ela pensa sobre si mesma, sobre sua carreira, sobre não “merecer” algo bom que acontece com ela. É fácil se ver nesses detalhes, por isso que a leitura é angustiante, são traços muito reais do que acontece em nossas vidas, acho quase impossível que alguém não se reconheça nas (doses) palavras da Natalia Timerman.
Isso explica o sucesso do livro.
Pra vocês entenderem o quanto eu não queria largar o livro: normalmente eu leio no ônibus, porque fico no mínimo 1h e pouquinho todo dia neles, o que já da pra adiantar bastante a leitura. Quando estava indo pro trabalho na sexta, o ônibus quebrou, todo mundo saiu dele e eu fiquei. Nem percebi o que tinha acontecido, o motorista saiu também e só eu fiquei lá dentro. Quando eu voltei pra realidade, percebi que talvez algo tivesse acontecido e fiquei “CADÊ TODO MUNDO?”, o moço falava no telefone enquanto eu estava presa dentro do ÔNIBUS.
Juro gente, que humilhação. Fiquei uns 5 minutos esperando o moço voltar e por minha sorte o outro ônibus que vinha atrás ainda não tinha saído, ele ia levar todo mundo, sem precisar pagar outra passagem (obviamente).
Mas, são quando essas coisas acontecem que a gente percebe quão absorvidos estamos nas histórias que lemos, eu particularmente acho isso incrível. Esqueci o mundo ao meu redor, estava mergulhada na escrita da Natalia, esperando ansiosamente por todas as possibilidades que ela escreveu.
Por isso que fiquei surpresa com o final, achei genial o desfecho (se é que posso chamar assim), o fim não é bem um fim, talvez outro recomeço, outras dores, outros sentimentos.
Por isso 2: não vejo a hora do nosso encontro, que já tá marcado pro dia 31/10!
Na outra news eu tinha falado que estava em 60% de “Beach read”, terminei o livro com a mesma sensação que descrevi pra vocês lá, o gosto por romances clichês nunca deixou de sair do meu lado, eu só tinha esquecido como eles eram bons. Mas isso vai variar muito, de acordo com nossas experiências, conheço pessoas que amaram “De Lukov, com amor”, enquanto eu detestei e não gostaram de “Beach read”, enquanto eu adorei.
Vale lembrar das palavras da Lorena Portela também, autora de “Primeiro eu tive que morrer” no encontro sobre seu livro na Livraria Megafauna: “o leitor sempre vai estar certo”, ninguém pode interferir na experiência de leitura de alguém, essa é a verdade.
Aliás, contei pra vocês sobre o encontro? Foi tão legal, estava insegura por ir sozinha, mas ninguém podia me acompanhar naquele dia, então eu decidi ir mesmo assim. Sair sozinha sempre me incomodou, achava que as pessoas olhavam demais pra mim, que eu não ia aproveitar nada sem alguma companhia, mas estou descobrindo que a minha pode bastar (não vou negar, ainda é difícil).
Mas pensa, não tem nenhum motivo para deixar de fazer alguma coisa que você quer porque você não tem alguém para te acompanhar, na verdade, aprendemos muito sobre nós mesmos nesses momentos, também fui entendendo mais isso com uma amiga minha (oi Alice, beijo amiga!!).
Sem mais delongas: essa semana sai as opções pra leitura de novembro e eu não vejo a hora de ver qual vocês vão escolher, esse mês tá difícil!
Obrigada por ler até aqui, te vejo na próxima segunda (espero que com ótimas notícias e usando meu capslock em comemoração)!